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domingo, 5 de dezembro de 2010

Regular a mídia não é censura.

A comunicação no brasil tem uma história de concentração, verticalização e não regulação, diferente de outros países que construíram seu sistema de debates públicos. Pressupõe-se que comunicação seja um bem público e, portanto, precisa estar submetida a algum tipo de controle.

Diferente de outros serviços públicos , como saúde, educação e transporte, a comunicação está vinculada á ideia de liberdade de expressão. Então, devemos sempre levar em conta que, ao atribuir a ela sentido público, não podemos inibir a sua existência, sua possibilidade de realizar-se.
Mas é justamente sob o argumento da defesa da liberdade de expressão que os grandes grupos de comunicação do país rechaçam políticas que levem em conta os interesses de toda a sociedade. O resultado é uma ata concentração de uma incidência da comunicação pública brasileira além do suportável numa democracia.
Foi nesse sentido que a Conferência Nacional de comunicação, que ocorreu em dezembro de 2009. embora os representantes da grande mídia tenham se retirado, alegando que era uma tentativa de censura, dessa discussão saíram muitas propostas. A principal foi o estabelecimento de um conselho de comunicação social: um órgão estatal público, composto por estado, setor empresarial e sociedade civil.

Direito público, interesse privado.
A primeira possibilidade de regulamentação que houve no Brasil foi a Lei do Cabo, que produziu grandes efeitos, como os canais públicos e a ideia de uma rede pública e única. A partir do governo Lula, iniciaram-se debates para discutir a TV digital. Mas eles foram quase ignorados pelo ministro das comunicações Hélio Costa, que fez uma opção por um chamado modelo japonês. Foi um desastre, do ponto de vista da possibilidade de convergência tecnológica e de salto tecnológico que o país podia ter dado naquele momento.
No Brasil, imagina-se que a TV aberta é gratuita, enquanto que na verdade há um preço enorme embutido com a publicidade. No fim, todos os brasileiros pagam para ter televisão. Por exemplo, dividindo o valor arrecadado com publicidade pelo número de televisores no brasil dá o mesmo valor que ingleses pagam para ter BBC em casa, que é uma emissora de alta qualidade e que atende aos interesses públicos.
É preciso pensar a comunicação estrategicamente, sendo subsidiada pela sociedade. O dinheiro público é dinheiro da sociedade. Então a sociedade tem que decidir como fazer isso. Pode-se disponibilizar pacotes de telefonia, internet e uma base de canais de informação e entretenimento, que sejam destinados a todo o país, de modo que não sejam previlégio daqueles que têm condições de pagar preços altos por isso. Para a população brasileira, não valeria a pena?

A crise da informação.
uma novidade positiva que temos no Brasil, apesar da ausência de regulação, é a banda larga, que possibilita maior inclusão. Porém a grande quantidade de dados da internet criou uma sensação de hiperinformação, de que podemos ter tudo ao nosso redor. elevou-se o boato a um nível tal que cria uma desordem. Hoje, mais do que nunca, é necessária a ação de mediadores, como os jornalistas, que buscam a origem das informações e conferem credibilidade aos dados.
Porém as empresas de comunicação não sabem o que fazer, porque o modelo de negócio está em crise. E essa confusão é prejudicial a elas mesmas. Afinal, se não há diferença entre boatos, jornalismo e fatos verdadeiros, vamos ficar com os blogs.
Não é uma questão da plataforma onde se encontram as informações, e sim se elas são verificadas.
o que a internet traz de extremamente positivo é que ela não é uma televisão informatizada; ela é muito mais parecida com um jornal. Nos sites, nos blogs, há predominância da escrita, mesmo que ás vezes naquela linguagem simplificada e abreviada.
A sociedade deve construir seus mecanismos de convívio com uma ferramenta que é potente, fantástica, inovadora e que coloca a humanidade em um patamar diferente. Se vai ser superior ou inferior, nós é que vamos decidir. A internet pode ser ao mesmo tempo fantástica e perversa e, por isso, precisa ser regulamentada.    

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